Nessa segunda matéria, vou continuar com o foco de aumentar o lucro da atividade rural, e vou dar início a série: O segredo para lucrar mais, é gastar mais!, o primeiro será sobre Mão de Obra, e nos próximos meses vou abordar outros setores da atividade rural.
Antes que me questionem como é possível gastar mais e ter mais lucro, se sempre tentamos gastar o menos possível, já adianto que não é para tomar ao pé da letra, eu vou explicar isso melhor.
Quando falamos de mão de obra, sabemos que esse é um importante centro de custo na maioria das atividades rurais, e é uma das que tem um maior potencial de aumentar ou diminuir o lucro da atividade, por isso, tem que ser dimensionado com muita atenção. E como fazer isso?
Ao montar o quadro de colaboradores das propriedades rurais, temos que inicialmente definir quais as funções deverão ser preenchidas, quais capacidades são necessárias para exercer a atividade e qual será o rendimento por funcionário.
Definir quais funções deverão ser preenchidas não é a tarefa mais difícil, para isso, devemos conhecer os setores da propriedade e definir quais são as funções que devem ser executadas. Por exemplo, em uma bovinocultura leiteira, temos o setor de ordenha, alimentação das vacas, bezerreiro, recria, manutenção, entre muitas outras. Com isso definido, é só estabelecer o que deve ser feito em cada uma, por exemplo: ordenhar as vacas, alimentar os animais, concertar as coisas...
Sobre a capacidade necessárias, não é tão simples como parece, é preciso avaliar com profundidade todos os conhecimentos que serão utilizados no dia a dia, por exemplo, para o profissional que estiver no setor de ordenha, deve ter conhecimento em ordenhar as vacas manualmente, operar ordenhadeira mecânica, conhecer os produtos de higiene dos animais e equipamentos e a forma correta de fazer essa higienização... logo, não é tão simples como parece.
Já o rendimento dos funcionários é o mais complexo de definir. Esse rendimento se da pela quantidade de produto produzido dividido pelo número de funcionários na propriedade. E esse é o grande problema. No Brasil, nosso rendimento por funcionário é muito baixo. Não é difícil achar rendimentos inferiores a 200 litros de leite por funcionário por dia, em quanto nos Estados Unidos, é comum encontrar mais de 3.000 litros. Essa diferença se dá, principalmente pelo baixo uso de tecnologia na atividade rural.
Na Avicultura comercial por exemplo, em duas propriedades vizinhas podemos ter uma com sistema automatizado, pressão negativa, com 1 funcionário coordenando um núcleo de 3 galpões com mais de 200.000 aves por núcleo, e a vizinha sem automação, utilizando apenas ventiladores, tendo as vezes 2 funcionários para um galpão com 20.000 aves, tendo um rendimento de 10.000 aves por funcionário, contra 200.000 no primeiro caso.
Como podemos ver, o primeiro item, como um pouco de organização, é facilmente atendido. Para atender o segundo e terceiro, espero que tenha ficado claro que é necessário investimento. Dificilmente encontraremos um funcionário com todos os conhecimentos necessários, inevitavelmente será preciso capacitação, o que tem custo, mas quando bem feita, aumenta a produtividade do funcionário, diminui os desperdícios e aumenta o rendimento.
Já para obter bons rendimentos, é necessário investir em tecnologia, por exemplo, em um rebanho com 60 vacas em lactação, para fazer ordenha manual, serão necessários 3 funcionários e essa equipe levará em torno de 3 horas para concluir a ordenha, considerando 2 ordenhas por dia, estamos falando de 6 horas por dia ordenhando. Em quando com uma ordenha mecânica, 1 funcionário faria esse serviço e menos de 2 horas. Isso é o mesmo com um vagão forrageiro, alimentador de bezerro, sistema de limpeza automático de galpão... Tudo isso parece que é um gasto a mais, mas na verdade é uma economia.
Portanto, o gasto com treinamento e capacitação e investimento com tecnologia, não podem ser encarados como uma coisa negativa; tem que ser considerado em
investimento em redução de custo.
Fábio Rezende
Zootecnista / Consultor de Agronegócio
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