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Foto do escritorKaline Sá

Efeitos do Consumo de Palma Forrageira sobre Aspectos Morfológicos do Estômago de Ovinos

Atualizado: 15 de abr. de 2018

A palma forrageira se destaca como recurso alimentar que permite a obtenção de menores flutuações produtivas na atividade pecuária em regiões áridas e semiáridas do mundo ao longo do ano, uma vez que apresenta aspectos fisiológicos que possibilitam seu pleno desenvolvimento nessas condições e demonstra interessantes atributos nutricionais, a exemplo de seu alto conteúdo energético e hídrico. Essa cultura apresenta algumas características que merecem destaque por carecerem de maiores elucidações em relação ao seu efeito na alimentação de ruminantes, como desequilíbrio de minerais e presença de compostos antinutricionais em sua composição, o que poderia interferir no metabolismo e em parâmetros morfofisiológicos dos sistemas e órgãos dos animais que recebem esse recurso forrageiro na dieta.

Figura 1 - Palma forrageira

Segundo Dessimoni et al. (2014), vários trabalhos têm enfatizado o valor nutricional da palma forrageira e apontado a possibilidade de formulações de dietas com consideráveis respostas produtivas em ruminantes. No entanto, existem poucas informações sobre possíveis fatores antinutricionais e/ou tóxicos que possam comprometer sua qualidade e afetar a saúde animal. Na literatura, algumas investigações científicas têm associado à presença de constituintes nutricionais e de componentes antinutricionais contidos na palma forrageira com modificações na morfologia e fisiologia de órgãos dos distintos sistemas orgânicos de ruminantes, a exemplo do balanço eletrolítico, aspectos morfopatológicos do sistema digestório, condição hepática e função renal (NEIVA et al., 2006; SILVA, 2017a; SILVA, 2017b; VIEIRA et al., 2008).

Figura 2 - Rúmen ovino

Particularmente para o sistema digestório, as características dos compartimentos aglandulares do estômago de ruminantes, sobretudo do rúmen, podem ser modificadas pelos alimentos consumidos. Segundo Cunninghan (1992), as papilas ruminais, que são projeções da túnica mucosa para a luz do rúmen, apresentam diversidade de tamanho e de formato, tendo em vista que são completamente sujeitas às mudanças da dieta. Nessa perspectiva, Neiva et al. (2006) em um das poucas investigações científicas encontradas na literatura que associam o consumo de palma forrageira e sua implicação nas características teciduais do trato gastrintestinal de ruminantes, analisaram o efeito do consumo de altas proporções de palma sobre a estrutura histológica da mucosa ruminal de ovinos e observaram que os animais que receberam dietas com mais palma apresentaram maior desenvolvimento papilar e erosão no estrato córneo (camada queratinizada), atribuindo esse último achado ao afeito abrasivo gerado pelos oxalatos. Em adição, Silva (2017a) ao avaliar a inclusão de palma forrageira na dieta de ovinos em crescimento encontrou alterações nas características morfológicas do epitélio do rúmen e do retículo, como espessamento da camada queratinizada e aumento da altura e da superfície das papilas ruminais (Figura 3).

Figura 3 - Fotomicrografias do epitélio ruminal de ovinos. 1A/1B) tratamento controle com camada de queratina apresentando poucas células vacuolizadas; 2A/2B) tratamento com palma miúda apresentando acentuadas vacuolizações nas células da camada queratinizada (setas e asteriscos); 3A/3B) tratamento com palma IPA-Sertânia apresentando poucas células vacuolizadas; 4A/4B) tratamento com palma orelha de elefante mexicana apresentando acentuadas vacuolizações nas células da camada de queratina (setas e asteriscos); hematoxilina-eosina. Fonte: Silva (2017a)

A partir desses resultados, o autor concluiu que a palma forrageira na dieta de ovinos em crescimento altera as características morfológicas do epitélio do rúmen e do retículo, exceto o genótipo IPA-Sertânia, sem afetar o desempenho produtivo dos animais, podendo ser utilizada como alternativa alimentar.


Bibliografia Consultada:

CUNNINGHAM, J. G. Tratado de Fisiologia Veterinária. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S.A., 1992.

DESSIMONI, G. V.; BATISTA, A. G.; BARBOSA, C. D.; DESSIMONI-PINTO, N. A. V. Composição bromatológica, mineral e fatores antinutricionais da palma forrageira. Tecnologia e Ciência Agropecuária, v. 8, n. 3, p. 51-55, 2014.

NEIVA, G. S. M.; MOTA, D. L.; BATISTA, A. M. V.; SOUSA-RODRIGUES, C. F. Mucous membrane of the rumen of ovines, fed with spineless, forrage Cactus or palm (Barbary Fig) (Opuntia ficus indica Mil): hystochemical study by means of light microscopy. International Journal of Morphology, v. 24, n. 4, p. 723-728, 2006.

SILVA, S. M. C. Histopatologia e morfometria do fígado de ovinos alimentados com palma forrageira resistente à cochonilha do carmim. Dissertação (Mestrado em Zootecnia). Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife, 2017b.

SILVA, T. G. P. Histomorfometria do epitélio ruminal e reticular de ovinos alimentados com dietas baseadas em palma forrageira. Dissertação (Mestrado em Zootecnia). Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife, 2017a.

VIEIRA, E. L.; BATISTA, A. M. V.; MUSTAFA, A. F.; ARAUJO, R. F.; SOARES, P. C.; ORTOLANE, E. L.; MORI, C. K. Effects of feeding high levels of cactus (Opuntia ficus indica Mill) cladodes on urinary output and electrolyte excretion in goats. Livestock Science, v. 114, p. 354-57, 2008.







Zootecnista / Doutorando em Zootecnia (Nutrição Animal) - PDIZ/UFRPE

Consultor iZoo - Caprinovinocultura

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