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Foto do escritorFernando Petroni

Afinal, o que o cavalos preferem comer?

Você sabia que assim como nós, os cavalos também tem preferências por certos alimentos? Pois é! Segundo Dittrich et al. (2007) o termo preferência é definido como a discriminação entre diferentes componentes disponíveis aos animais, com oportunidade de livre escolha. É importante salientar que a espécie equina tem uma preferência por alimentos doces, a qual é geneticamente modulada. Entretanto, no decorrer da vida do animal, essa preferência inata pode ser modificada por experiências alimentares, requerendo um certo nível de plasticidade genética e adaptações bioquímicas (Ellis, 2010).



O termo experiência é utilizado para referir-se ao feedback pós-ingestivo. Quando os cavalos apresentam algum distúrbio imediatamente após ingerir um determinado alimento, eles desenvolve uma aversão ao sabor daquele alimento, o qual chamamos de comportamento adquirido. Essa modificação comportamental alimentar pode ser observada no estudo realizado por Raymond et al. (2003) no qual os cavalos reduziram o consumo de concentrado em cerca de 66% devido a contaminação com micotoxinas.

Entretanto, alguns autores afirmam que essa aversão alimentar adquirida é limitada nos equídeos, como observado no estudo realizado por Blythe and Holtan (1983). Avaliando o comportamento alimentar de éguas alimentadas com concentrado peletizado contaminado com o fungo Penicillium cyclopium, estes autores observaram persistência no consumo alimentar do concentrado, mesmo após apresentarem disfunções neurológicas causada pela dieta.

Desta forma, a escolha alimentar dos cavalos é determinada por um complexo de fatores que inclui as características sensoriais dos alimentos, bem como o feedback (positivo ou negativo) pós ingestivo. Existem alguns estudos em outras espécies que mostras que as consequências nutricionais influencia a preferência, enquanto as características sensoriais regulam a discriminação entre vários alimentos.

Em um trabalho clássico em relação à preferência alimentar da espécie equina, Randall et al. (1978) provaram estatísticamente a preferência de potros pelo sabor doce, quando comparado ao amargo, ácido e salgado (Figura 1). Para garantir que a ingestão seria uma função apenas do sabor e não de textura, por exemplo, substâncias características dos sabores supracitados foram adicionadas a baldes contendo água, e o consumo foi registrado.


Na Figura 1, a ingestão de água é observada no eixo x, enquanto a concentração de cada substância é observada o no eixo y dos gráficos.



Figura 1. Resposta de potros ao acréscimo nas concentrações de sucrose (a), cloreto de sódio (b), ácido acético (c) e cloridrato de quinina (d) para representar os sabores doce, salgado, ácido e azedo, respectivamente (Randall et al., 1978).

Entretanto, a preferência inata não é função apenas da espécie, mas é relacionada a cada indivíduo. A percepção sensorial do alimento por um animal não deve ser generalizada para a espécie, mas deve ser considerada como uma função individual modulada pelos próprios genes do animal, que contribui para as diferenças entre os cavalos. Em outras palavras, assim como nós humanos, mesmo sendo comum observar a preferência pelo sabor doce na maioria dos equinos, alguns indivíduos podem ter preferências por alimentos azedos, por exemplo.

Logo, é preciso ficar atento quando o seu cavalo apresenta resistência a ingerir um alimento que é comumente bem aceito pelos demais cavalos. Após avaliar todos os possíveis motivos que possam causar a redução na ingestão do alimento, como problemas dentários, é bastante importante considerar trocar gradativamente o alimento por outro de diferente sabor, textura ou cheiro. Os cavalos nos dão sinais para todos os problemas, nós só precisamos adquirir sensibilidade para captar o que eles querem nos mostrar.







Carol Cerqueira


Universidade da Flórida


Consultora iZoo - Equideocultura

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