A população de cães vem se tornando progressivamente mais expressiva, tendo em vista que o homem tem se mostrado cada vez mais apegado a esta espécie, fazendo destes, parte de suas famílias.
Com as cidades mais verticalizadas, os cães tiveram que se submeter a espaços menores. Associando isto à falta de tempo dos tutores para realizar atividades físicas com os seus pets e a oferta de dietas acima das necessidades nutricionais, vem ocorrendo um aumento no número de cães com problemas de obesidade, articulação, entre outros. Como alternativas de prevenção e mudanças desses casos e promover um melhor bem-estar do animal, pode se realizar a prática de atividades físicas e de esportes caninos, para as quais é essencial que o cão esteja com um bom condicionamento físico.
A avaliação das características fisiológicas e morfométricas estão diretamente relacionadas com a condição física do animal e seu status metabólico, porém algumas medidas que são utilizadas nos estudos com cães, estão muito vinculadas com aferições em humanos, ou, em alguns casos, com animais de produção, o que torna incerto a utilização de dados tão importantes.
De acordo com Gillette (2013), na análise das respostas fisiológicas e metabólicas induzidas pelo exercício, é indispensável considerar a raça e o tipo de exercício realizado na interpretação dos resultados encontrados, objetivando evitar exames desnecessários em animais saudáveis ou o diagnóstico equivocado de intolerância ao exercício ou mau desempenho atlético. Além disso, também é importante avaliar o ambiente ao qual o cão está sendo submetido, uma vez que os locais podem trazer algum desconforto térmico, o que pode alterar o comportamento do animal.
Sabendo-se da importância de se obter tais informações para a espécie canina, foi desenvolvida uma pesquisa na cidade do Recife - PE e região metropolitana, onde foi possível caracterizar a condição física de cães de diferentes raças, por meio de mensurações corporais e de aspectos fisiológicos e metabólicos antes e após a execução de um exercício físico, como também a obtenção de índices de conforto térmico para cada raça avaliada.
O trabalho foi desenvolvido dividido em duas partes: a primeira, realizada com cães de cinco raças diferentes (Australian Cattle Dog, Border Collie, Buldogue Francês, Golden Retriever e Pastor Alemão) onde estes foram submetidos a um teste de caminhada, de acordo com metodologia descrita por Boddy et al., (2004); e a segunda, realizada com cães da raça Border Collie que participam de competições de Agility, que é a modalidade de esporte canino que mais vem ganhando espaço no Brasil, avaliando a influência deste exercício sobre as variáveis fisiológicas e bioquímicas estudadas.
Foi possível observar que todas as raças estudadas apresentaram boas condições corporais, de acordo com os parâmetros fisiológicos e metabólicos avaliados, independente do sexo, antes e após a submissão a prática do exercício físico de caminhada, e que os cães da raça Border Collie demonstraram boa capacidade de maior agilidade no exercício, pois a sua conformação facilita a prática do agility, sem mudanças bruscas nos parâmetros.
As mensurações realizadas nesta pesquisa são consideradas extremamente importantes, uma vez que os cães atualmente são classificados apenas pelo fenótipo e agilidade. Então irá permitir caracterizar o padrão dos animais que são considerados os melhores, bem como avaliar se seu status metabólico está condizente com sua situação fisiológica.
Bibliografia Consultada:
GILLETTE, R. L. Conditioning and training in the canine athlete. Anima Health & Performance Program, Auburn University, AL p. 508-510, 2013.
BODDY, K. N.; et al. Development of the six-minute walk test for dogs. American Journal of Veterinary Research, v. 65, n. 3, p. 311-313, 2004.
Zootecnista / Mestre em Zootecnia (UFRPE)
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